Na janela esperando
Vi a vida passando
Me fiz algoz
Do meu destino
E passivamente morrendo
Vi as tramas da vida
Como a aranha tecendo
Lentamente, vi passar
Diante de mim, a vida
De outrem que seguiam
no ciclo acrobático
Que é o viver
E sorri amores alheios
E chorei dores alheias
Embora estivesse ali
Percorria caminhos alhures.
Mas então numa dessas reviradas
Que a vida costuma dar
Como revoadas de andorinhas
Que sempre vão
E novamente
Irão voltar
O instinto, velho cão de guarda,
Anichado entre os quereres alheios
Tal qual samurai obstinado
levou-me, da janela à porta
E da porta saí.
E agora que a vida abraçou-me
Já não a vejo
Como passiva observadora
Eu a experimento...
E a magia da vida vivida
Não me deixa mais
Ver a vida passar
Esperando na janela.
LUCAE: CULTURA E LAZER
Há 12 anos